Esse é o primeiro avistamento das formigas, consideradas uma das espécies invasoras mais perigosas para o ecossistema, na Europa
Autoridades sanitárias da Europa estão em alerta após terem sido identificados 88 ninhos de formigas-de-fogo vermelhas na cidade de Siracusa, na Sicília, Itália. Esse é o primeiro avistamento da espécie no continente. A espécie é considerada uma das invasoras mais perigosas para o ecossistema.
Formigas-de-fogo vermelhas
- A Solenopsis invicta, nome científico da formiga-de-fogo vermelha, é uma espécie nativa da América do Sul, observada principalmente na Argentina, no Brasil, no Paraguai e no Uruguai.
- Os animais medem de dois e seis milímetros de comprimento e vivem em colônias variando entre 100 e 250 mil indivíduos, com uma rápida capacidade de reprodução.
- A picada desta formiga gera vermelhidão, sensação de queimação na área e pequenas bolhas de pus, que podem levar dias para sumir.
- Ao injetar veneno na pele humana, algumas consequências e reações alérgicas mais graves podem ser desenvolvidas, como choques anafiláticos, podendo chegar até à morte.
- As informações são do Nexo Jornal.
Autoridades europeias em alerta
De acordo com a análise de pesquisadores, metade das áreas urbanas da Europa apresentam condições favoráveis para o estabelecimento da espécie de formigas. Situação que pode se agravar com o avanço do aquecimento global. A previsão é de que até 2050, 25% do continente seja propício à instauração da espécie.
A principal preocupação das autoridades é em função dos impactos que esses animais podem ter na flora local. Por um lado, eles criam os ninhos com pedaços da colheita, destroem sementes e mudas em germinação e alimentam-se de plantas em crescimento. Por outro, são agentes pesticidas naturais e fertilizantes, sobretudo por aerar e redistribuir os nutrientes do solo em suas escavações.
Pelo comportamento nocivo, as formigas-de-fogo vermelhas são consideradas umas das espécies invasoras mais perigosas do mundo. Ao serem inseridas em locais não nativos, independente se for sem querer ou intencionalmente, elas têm potencial de causar prejuízos para o novo ecossistema.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, a espécie ocupa a 86ª colocação no ranking das cem piores espécies invasoras do mundo. Já um relatório da IPBES (sigla em inglês para Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos) cita as formigas-de-fogo vermelhas como uma espécie com impactos negativos na natureza e na qualidade de vida das pessoas.
A primeira invasão da espécie aconteceu nos Estados Unidos, com formigas argentinas. Com a intensificação da globalização e das importações e exportações, países como Austrália, China, México e Nova Zelândia registraram invasões da espécie. Desses, somente a pequena ilha da Oceania conseguiu exterminar quase completamente a população de formigas-de-fogo vermelhas.
Um relatório aponta que US$ 423 bilhões anuais, ou cerca de RS 2,1 trilhões, são perdidos pela invasão de espécies não nativas. Ainda de acordo com a pesquisa mundial, esse número quadruplicou desde a década de 1970, influenciando sobretudo a extinção de plantas e animais.
Como a espécie chegou à Itália?
As autoridades ainda não sabem como as formigas chegaram ao Sul da Itália. A principal hipótese está relacionada ao transporte portuário de mercadorias e cargas. Além do histórico de outras infestações da espécie terem acontecido dessa forma, a proximidade dos ninhos com o Porto de Augusta, a cerca de 13 quilômetros ao norte da ilha, faz com que essa seja a principal tese a ser considerada.
De acordo com a Autoridade do Sistema Portuário do Mar da Sicília Oriental, organização que coordena os portos da região, o Porto de Augusta é o principal do baixo Mediterrâneo. Também é o ponto estratégico da União Europeia, devido a sua localização central na rota internacional de comércio.
Pesquisando a genética dessas formigas que se inseriram na Itália, foram encontradas semelhanças com as detectadas no sul dos EUA, na China e em Taiwan. A localização central do porto na rota internacional de comércio explicaria esse intercâmbio da espécie por via marítima.
Fonte: Olhar Digital